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O que é a Velhice?
Velhice é uma fase da vida. Assim, como existe a infância, a adolescência, também tem a velhice. No caso, a velhice é a última fase do ciclo. Embora seja a última fase, há muitos anos vividos nela. Por exemplo, se uma pessoa viver até os 90 anos de idade, 30 anos da vida dela será na velhice.
Então isso já oferece uma pista: a velhice é muito diversa.
Na Gerontologia é utuilizado o termo “heterogeneidade da velhice” para tratar sobre essa diversidade.
Vamos para um exemplo:
Você sabia que quando a gente nasce, a gente vem com uma mala?
Uma mala imaginária que te acompanhará pelo resto da vida.
À medida que as pessoas crescem, se desenvolvem e envelhecem, essa mala vai sendo preenchida com experiências, sentimentos, conquistas, fracassos, lembranças, pessoas... Essa mala passa por todas as estações, já enfrentou muitos temporais, ao mesmo tempo, teve a oportunidade de ver muito nascer do sol. A mala vai sendo customizada. Por vezes, ganha novos acessórios.
Você já parou um tempinho para abrir a tua mala e ver o que tem dentro?
Quando as pessoas chegam na velhice, as malas estão muito diferentes umas das outras devido toda essa jornada. Isso é uma maneira de ilustrar o que é a diversidade da velhice.
É claro que a diversidade não impede de ter similaridades. Ou seja, há a possibilidade de encontrar na mala do outro, o mesmo acessório que tem na sua, ou uma costura parecida.
Pra somar com tudo isso, foram selecionados quatro trechos de falas de pessoas idosas moradoras da zona rural do estado do Ceará para mostrar a percepção que elas têm sobre a velhice e como elas estão vivendo essa fase da vida. Esses trechos fazem parte de um artigo científico, o qual a fonte será apresentada no final do texto.
Primeiro relato:
“Ah! Velhice como eu temia! Achava que ia me pesar muito! Hoje, descobri que não pesa, a velhice está dentro de cada pessoa. Esse negócio de ficar encolhido não dá, tem que viver."
Segundo trecho:
“A velhice, sua chegada é bom para umas coisas e ruim para outras. Tem horas que tenho coragem para fazer tudo e outras horas que não dá para fazer nada, só sei que é diferente de ser novo. Eu, no meu caso, são as dores que me atrapalham, quando eu era novo não tinha essa doença, essas dores”.
Terceiro relato:
“Para mim, minha filha, a velhice só trouxe doença [...] para mim é o fim da vida, é a proximidade da morte. Não sou mais a mesma, aquela que nunca estava satisfeita com o pouco, queria sempre mais e melhor para minha família. Com a idade avançando fiquei pior da diabete e da pressão e parei de trabalhar, agora somente ajudo nos afazeres domésticos, na casa de minha filha”
E o último relato:
“A velhice! tá boa, eu continuo na luta, às vezes tenho saudade da minha vida de jovem, era ativo, trabalhava o dia todo na agricultura, brincava nas festas e no outro dia estava muito disposto. Depois veio a responsabilidade associada ao envelhecer, a mulher, filhos e a necessidade de guardar um dinheirinho para nossas coisas, nossos compromissos e responsabilidades. Hoje, tenho meu próprio negócio, apenas tenho saudades, mas estou tranquilo e sinto-me feliz. Então ser velho, envelhecer foi bom, porque foi tranquilo para mim. Não tenho problemas com a velhice.”
Sendo assim, observa-se que não existe “a velhice”, e sim, as velhicessssss.
Vamos conhecer quem está nela? Confira o texto sobre a pessoa idosa. Afinal, o que é ser idoso?
Artigo científico citado: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/pVX7LsgkVwcD9p8gkLkdhbT/?format=pdf&lang=pt