“Viver mais” precisa ser acompanhado de “Viver bem”. Esse é um compromisso que inclui não apenas as pessoas idosas, mas também as gerações mais jovens. O envelhecimento tem sido discutido em diferentes áreas: trabalho, mobilidade, saúde, educação, políticas públicas, moradia, participação social, e tantas outras.
Num contexto tão complexo, soluções sustentáveis são essenciais.
Como podemos criar soluções que promovam a longevidade com qualidade?
Como garantir que essas soluções beneficiem idades variadas?
E como podemos inovar diante de desafios sociais inéditos, nunca vividos antes?
É aqui que entra o Design Thinking.
Design Thinking é uma abordagem que nos ajuda a resolver problemas, mesmo os mais complexos. Vamos chamá-lo de “DT” para simplificar.
Uma das principais vantagens do DT é a constante ênfase no usuário, ou seja, na pessoa que será atendida. Isso aumenta as chances de serem desenvolvidas iniciativas que atendam as expectativas do usuário, melhorando o engajamento e auxiliando na construção de soluções que, de fato, as pessoas precisam.
Parece improvável, mas muitas vezes é priorizado a solução ao invés das pessoas envolvidas. Por exemplo, um produto é lançado antes de verificar se ele é realmente útil para o cliente, ou serviços públicos são implementados sem entender as necessidades reais da comunidade. E por aí vai!
Resumindo: o DT é centrado na VIDA!
A todo momento a atenção está no usuário, é o que conhecemos como abordagem centrada na pessoa. Desse jeito, somos convidados a exercitar a empatia e ir além: entrar em contato direto com o usuário.
O contato com o público possibilidade a inovação, especialmente quando trabalhado em equipes colaborativas, que tenham experiências variadas. Junto com tudo isso, o DT se caracteriza pelo seu movimento, ele não é engessado em uma única ideia. Na verdade, acontece o contrário: o DT incentiva a pensar em inúmeras ideias. Mas calma, a proposta é divergir para depois convergir para a construção de uma solução final.
Para conseguir cumprir o objetivo, ideias são testadas com o usuário potencial. Há uma série de ferramentas que podem ser utilizadas nessa abordagem. Um aspecto importante é que o DT pode funcionar em projetos de curta ou longa duração.
Então, continuando o resumo: o DT é centrado na VIDA, busca resolver os mais diversos problemas, com base em equipes colaborativas focadas nas pessoas.
Ao aplicar o Design Thinking há o estímulo para a criação de uma cultura de aprendizagem e de trabalho ágil e flexível, o que tem sinergia com o processo de envelhecimento. O envelhecimento populacional é dinâmico e exige abordagens que acompanhem essa transição.
Imagens: Freepik
A diversidade do envelhecimento é um dos aspectos centrais no estudo da Gerontologia, conferindo ainda mais relevância ao Design Thinking (DT). Como o DT é focado nas pessoas, é possível identificar e compreender tanto as características comuns como também as especificidades advindas ao longo da vida.
Em 2011, a gerontóloga Tássia participou de um curso sobre DT na Universidade de São Paulo (USP), ministrado pelo professor convidado, Reinhold Steinbeck, de Stanford. O curso, aberto tanto para quem era vinculado formalmente com a USP quanto para a comunidade, resultou em uma turma heterogênea, o que enriqueceu ainda mais a experiência.
A proposta do curso era prática: desenvolver soluções para desafios enfrentados na Zona Leste de São Paulo. A gerontóloga Tássia escolheu integrar o grupo dedicado ao envelhecimento. Esse grupo focou na Doença de Alzheimer, tema que despertava o interesse de todos os membros, seja por questões pessoais ou profissionais.
A partir da escolha do tema, iniciou-se uma jornada incrível de imersão. O grupo esteve em contato com diferentes agentes envolvidos, incluindo cuidadores informais e formais, associações, profissionais da saúde e membros da comunidade. Diante da riqueza e variedade de informações e experiências coletadas, ficou evidente que um dos principais problemas era a falta de conhecimento sobre a doença, inclusive por profissionais de saúde.
Dessa problemática nasceu o projeto ABRAço, no sentido de abraçar, ou seja, envolver as pessoas para adquirir conhecimentos sobre a Doença de Alzheimer. De forma estratégica, o projeto ABRAço priorizou na capacitação de agentes comunitários de saúde (ACSs), escolhidos pelo papel intermediador que assumem entre a família e o serviço de saúde.
Com a proposta delineada, o grupo voltou ao campo para testar a ideia, recebendo retorno positivo, com a sugestão de inclusão de outros profissionais de saúde nessa capacitação. Assim, mesmo o foco permanecendo nos ACSs, houve a abertura de vagas para outros profissionais atuantes na Unidade Básica de Saúde.
O projeto ganhou viabilidade devido a parceria com a Associação Brasileira de Alzheimer de São Paulo, que realizou as capacitações e disponibilizou material informativo em diferentes formatos. Além disso, o projeto foi objeto de pesquisa com um grupo de estudantes da Finlândia. Portanto, o nome do Projeto elucida essa integração de conhecimentos, pessoas e experiências – ABRAço. Ao envolver diferentes atores, como um abraço, a proposta foi abrir a mente para os diferentes aspectos envolvidos na Doença de Alzheimer.
Destaca-se a solução criada: uma capacitação. Frequentemente, associa-se inovação a soluções complexas, com uso de tecnologia de ponta e alto custo, mas este exemplo evidencia que a inovação também pode ser promovida de maneira criativa, simples e com o apoio de parcerias.
Neste caso, você percebeu o papel do Design Thinking? Lembra que ele é focado nas pessoas? A solução apresentada buscou exatamente isso: trazer mais oportunidades de diagnósticos e cuidados para pessoas com Doença de Alzheimer, aspectos fundamentais na promoção da dignidade e bem-estar.
Profissionais de diversas áreas, gestores públicos, pesquisadores, professores, estudantes e pessoas de todas as idades podem aprender e aplicar o DT em seu contexto, inclusive as pessoas idosas!
Baseada em mais de 10 anos de experiência em Gerontologia e Design Thinking, Tássia criou o curso online "Design Thinking e Envelhecimento".
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Principais vantagens do curso:
Curta duração: valorizamos seu tempo, indo direto ao ponto!
Teoria e Prática: esse é um curso para o mundo real - teoria e prática andam juntas.
Flexibilidade: estude quando e onde quiser. Como o curso é on-line, fica mais fácil de incluir na sua rotina.
Principais conteúdos do curso:
Introdução ao Design Thinking e sua aplicação na Gerontologia.
Ferramentas do Design Thinking para a criação de soluções centradas no usuário.
Estudos de caso na área da longevidade.
Exercícios práticos e atividades de cocriação.
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O sistema de saúde caracteriza-se como um ambiente complexo e dinâmico. Há diferentes níveis, é formado por profissionais variados, assim como abrange tipologias distintas de serviços e produtos. Destaca-se ainda a principal característica: cuida de pessoas. E cada pessoa é única!
O Design Thinking pode trazer contribuições relevantes na resolução de situações complexas, oferecendo uma abordagem centrada no usuário e aumentando as chances de criar iniciativas realmente necessárias. Seus elementos principais incluem a participação de equipe multidisciplinar e um processo iterativo que conduz os proissionais por seis fases. Tudo isso combina com a área da saúde, não é mesmo?
É especialmente importante considerar que a área da saúde já tem sido bastante impactada pelo envelhecimento populacional acarretado pela transição demográfica. Esses dois processos repercutem na transição epidemiológica, impulsionando mudanças na oferta de serviços em saúde, tanto para a pessoa idosa, como para o indivíduo que envelhece ao longo do tempo.
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Referências:
CHIARELLI, Tássia Monique et al. Using Design Thinking as a strategy to interventions in Alzheimer’s Disease. In: World Congress on Brain, Behavior and Emotions, 2015, Porto Alegre, RS.
HASSO-PLATTNER-INSTITUT. What is Design Thinking? Hasso-Plattner-Institut, Universidade de Potsdam, s/d. Acesso em 20/03/24.
STEINBECK, Reinhold. El «design thinking» como estrategia de creatividad en la distancia. Comunicar, Revista Científica de Educomunicación, v. XIX, n. 37, p. 27-35, 2011. doi:10.3916/C37-2011-02-02